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Jair Bolsonaro e polêmicas com a África

Jair Messias Bolsonaro para seus eleitores é um messias e um mito. Para seus opositores, um risco – não somente a eles, mas à Democracia. O fato é que agora o capitão reformado do exército brasileiro é o novo presidente do maior país lusófono do mundo e governará cerca de 210 milhões de pessoas – segundo o IBGE – a partir de 1º de janeiro de 2019.

 

Polêmicas com a África

 

No entanto, sua trajetória até o Palácio do Planalto – sede do governo brasileiro, em Brasília – foi acompanhada de polêmicas. Uma das falas mais controversas do novo presidente do Brasil foi em relação aos quilombolas – descendentes de escravos africanos que vivem em quilombos – em uma palestra no Rio de Janeiro. Bolsonaro afirmou, na ocasião, que não ampliaria e mesmo retiraria a terra de quilombolas, afirmando se tratarem de  pessoas preguiçosas.  “Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles”, disse. A referência ao peso de negros em arrobas  – medida usada para pesar animais de pasto, e não pessoas – causou revolta na população e acusações de racismo.

 

 

Nesse mesmo evento, defendeu que o Brasil não deveria receber tantos refugiados. Segundo dados do Ministério da Justiça, 33 866 pessoas solicitaram reconhecimento da condição de refugiados no Brasil em 2017. Entre os 12 países que mais solicitaram o estatuto estão dois países de língua portuguesa: Angola com 6% dos pedidos e Guiné-Bissau com 1%. Em entrevista anterior, chamou refugiados de “escória do mundo”.

 

Em seu programa oficial, o presidente eleito sinalizava a mudança do eixo de atuação do país na área de Relações Internacionais para o Norte, abandonando a estratégia Sul-Sul desenvolvida durante os governos antecessores. Tal fato pode impactar negativamente países lusófonos da região. Bolsonaro inicia o período de transição sem muita definição sobre o que acontecerá na área de Política Externa, mas o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já sinalizou apoio ao novo presidente brasileiro.

 

“Tive uma ótima conversa com o recém-eleito presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que venceu a disputa com uma diferença substancial. Concordamos que o Brasil e os Estados Unidos trabalharão juntos no comércio, Forças Armadas e tudo mais! Excelente ligação, parabéns!” Donald J. Trump, presidente dos EUA.

 

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Perfil do capitão

 

O capitão nunca foi envolvido em casos de corrupção, mas sim em processos criminais, fruto de sua constante posição radical em temas sensíveis à sociedade. Já foi condenado pela Justiça a pagar multas por apologia ao estupro e por homofobia e é investigado por apologia à tortura e uso de verbas públicas para realizar pré-campanha. Além disso, pesa contra ele acusações de nepotismo – emprego de familiares – segundo sítio que acompanha o parlamento brasileiro.

 

Conhecido pela falta de conhecimento em relação às políticas públicas e forte uso da retórica, atuava na Câmara Federal desde o fim da ditadura militar. Em quase 30 anos de atuação parlamentar, aprovou apenas um projeto de lei de sua autoria – considerado de baixa relevância nacional. Por não ter tido grandes atuações – apesar de sempre envolvido em polêmicas – conseguiu emplacar o discurso de novo candidato que o ajudou a se eleger. O fez juntamente a um discurso pela segurança pública e uma forte rejeição ao Partido dos Trabalhadores (PT), envolvido em graves esquemas de corrupção e com grandes nomes do partido presos – inclusive o ex-presidente da República Luis Inácio Lula da Silva.

 

Votação

 

O Brasil elegeu Bolsonaro com quase 58 milhões de votos, contra 47 milhões de seu adversário, Fernando Haddad, do PT. Entre ausentes, brancos e nulos (ou seja, entre os que não escolheram nenhum dos candidatos) o número beira 43 milhões, somando 90 milhões de pessoas que não o elegeram. O grande desafio que se põe agora ao capitão da reserva é realizar políticas que adotem um tom conciliatório que amenizem o tom bélico que marcou a campanha eleitoral e convencer seus opositores que seu governo não será tão radical quanto seus discursos apontavam. Em seu discurso de vitória, já proclamou que se compromete com a Constituição brasileira, a Democracia e a liberdade.

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