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Lições do EURO 2016 para a Lusofonia

Leya

 

Eu sei que sou suspeito! Afinal, como Nutricionista da Unidade de Saúde e Performance da Federação Portuguesa de Futebol, tive oportunidade de acompanhar todo o trabalho de preparação para este Campeonato da Europa. Ao talento latente há já algumas gerações de futebolistas portugueses (talvez tenhamos começado a sonhar mais alto depois da conquista do Mundial de Sub-20 em Riade em 1989), juntou-se desta vez todo um conjunto de vontades e competências que culminaram na conquista do primeiro grande título da equipa principal.

 

De facto, este título pode ensinar-nos muita coisa para outras áreas que não apenas o futebol ou o desporto! Destacaria três grandes lições que podem ser usadas para superar os vários desafios que se nos colocam no âmbito da Saúde e Qualidade de Vida das populações na Lusofonia.

 

Querer!

Toda a gente na FPF, dos Jogadores à Equipa Técnica, passando por todo o staff, queria muito este título. Não era seguramente a primeira vez, mas uma das grandes lições a tirar é que a paixão e vontade de vencer são um motor fortíssimo para se atingirem resultados. Foi preciso ter toda a gente motivada para um objetivo comum (o que na maioria das vezes é difícil) e por isso as lideranças (numa equipa de futebol, numa empresa ou num governo) devem ser capazes de encontrar estas vontades comuns. Apesar de todas as diferenças e discordâncias que possam existir, quando se trata de melhorar a qualidade de vida das populações, é relativamente fácil encontrar vontades comuns. Veja-se o exemplo do Brasil que, ao abrigo dos Objetivos do Milénio, foi capaz de reduzir a fome entre os mais pobres e baixar 2/3 a mortalidade abaixo dos 5 anos.

 

Saber!

Toda a vontade do mundo não chega se não se souber como atingir os objetivos. O conhecimento associado ao querer produz resultados fantásticos. Na caminhada para o título de Campeão Europeu reconhecemos a capacidade da FPF em reunir uma equipa multidisciplinar capaz de agregar um conjunto notável de competências – talvez a criação da Cidade do Futebol seja o melhor reflexo deste aglomerado de conhecimento ao serviço do futebol! Sejamos também capazes de reunir o melhor conhecimento quando se trata de melhorar a Saúde das nossas populações. Os avanços na qualificação de profissionais de saúde nos países lusófonos foram significativos na última década. Não deixemos fugir estes cérebros e criemos condições para que aprofundem e apliquem todo o seu conhecimento, em benefício dos nossos Países.

 

Manter o foco!

Três empates e o terceiro lugar na fase de grupos, com o respetivo coro de críticas e acusações, não foram suficientes para a equipa Portuguesa perder o foco. O selecionador nacional disse que só regressaria a casa dia 11 de julho e assim foi. Quantas vezes não assistimos a cancelamentos ou mudanças de rumo em programas de saúde bem-sucedidos devido a jogos políticos, pressões da opinião pública ou influencia dos media? Tendo um rumo definido e estando reunidas as condições para o seguir, é importante seguir o plano até ao fim, assegurando que não há desvios e que os objetivos intercalares vão sendo cumpridos.

 

A vitória de Portugal foi sem dúvida um marco na nossa afirmação enquanto País, algo que se viu também na forma como foi celebrada em vários países lusófonos. Esperemos que as lições deste EURO 2016 possam ser replicadas na Saúde, Educação e Bem-Estar das nossas populações, de preferência com o mesmo grau de sucesso!

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