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Português com todos

(Imagem: Reprodução Diário de Notícias)

 

O texto que se segue aborda a Língua Portuguesa num momento de alguma discussão e emoção.

A razão para este sobressalto é o fim do período de transição, que se verificou a 13 de Maio deste ano, para a nova ortografia do Português, período este estabelecido em 2009, quando o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (AO90), entrou em vigor.

O período de transição, de seis anos em Portugal e de três no Brasil, consistiu na coexistência das normas e regras até então em vigor com aquelas introduzidas pelo AO90. Não têm faltado debates veiculados pelos órgãos de comunicação social nem discussões nas redes sociais.

Apesar das vantagens e virtudes sugeridas pelos defensores deste acordo e das perdas e deméritos apontados pelos detratores do mesmo, parece-me que o cerne da questão, poderá não estar no que tem sido discutido, de forma tão apaixonada, e sim, no que poderá ser feito pela Língua Portuguesa nesta segunda década do século XXI, tendo em conta o AO90 agora com força de lei.

Coloco, por isso, diversas perguntas que poderão ser úteis para um debate futuro sobre o eixo que realmente une a comunidade Lusófona: o Português.

Inicio esta parte com a seguinte questão: sendo este idioma um dos mais falados mundialmente e, consequentemente, dos mais utilizados nas redes sociais, a uniformização da ortografia será um fator de aumento do número de pessoas que utilizam oral e em termos de escrita o Português ou as recentes mudanças ortográficas não terão expressão nesta “equação”?
Pergunto-me também se nesta era de globalização tão acelerada em que, fruto do extraordinário avanço tecnológico, o mundo se tornou mais pequeno e oportunidades dos mais variados géneros surgem por todo o lado, será que a uniformização do Português escrito vai possibilitar um melhor aproveitamento das oportunidades no seio do mundo lusófono ou, colocando a questão de outro modo, a ausência de um acordo ortográfico foi fator impeditivo para um melhor e mais eficaz aproveitamento das mais diversas oportunidades?

A entrada em vigor do AO90 vai evitar a perda de falantes de português em países da comunidade lusófona, onde o português é apenas um dos vários idiomas usados, como assinalou Delfina Mugabe, editora-chefe, do Jornal de Notícias de Moçambique, num encontro recente subordinado ao tema da Língua Portuguesa e realizado entre directores e editores de jornais dos países lusófonos, como deu conta a Conexão Lusófona?

Por último, as questões que me parecem mais importantes: a falta de investimento ou melhor dizendo, o contínuo desinvestimento na Educação não tornará toda esta discussão um pouco secundária à luz dos desafios que se colocam a cada um dos países pertencentes à comunidade lusófona e a esta como um todo?

O desinvestimento em Educação leva-nos ao aumento de desigualdades sociais e à consequente fragilização social entre outros perigos bem reais.
Políticas de investimento da Língua Portuguesa, atentas às especificidades nacionais e regionais que incentivem e disseminem o ensino do Português, tanto em países lusófonos como em países pertencentes a outras comunidades linguísticas, não serão dos melhores investimentos que poderão ser feitos?

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