Conexão Lusófona

Angola e Moçambique: tendências e dinâmicas de duas literaturas

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(Imagem: Dércio Tsandzana, Conexão Lusófona)

 

Este foi o tema escolhido para servir de abertura das actividades da Fundação Fernando Leite Couto para o ano de 2016 com um painel de luxo composto pelos moçambicanos Mia Couto e Nataniel Ngomane e pelo escritor Angolano José Eduardo Agualusa.

 

Numa noite em que a nova casa da cultura moçambicana se apresentou lotada, os painelistas não deixaram os seus créditos em mãos alheias e brindaram os presentes com momentos marcantes de suas vidas e histórias que trouxeram laços de irmandade entre Angola e Moçambique.

 

Mia Couto começou por referir que a relação com o escritor angolano é especial por se assemelhar sobremaneira aos traços de irmandade visto que os dois já partilharam vários momentos fruto da arte e escrita.

 

Mia Couto avançou ainda da questão das traduções a que os seus livros e de vários escritores se submetem para chegar a outros mercados tendo dito que não é fácil, pois, traduzir uma obra literária não basta saber a língua.

 

Não se traduzem apenas palavras, é preciso perceber o espírito da obra e do seu autor. Ademais, Mia referiu que para o caso de obras africanas torna-se mais difícil por se tratar de tentar traduzir questões culturais e hábitos dos povos.

 

José Agualusa falou do fraco mercado que Angola e Moçambique apresentam no que diz respeito à existência de bibliotecas e editoras nacionais para comercializar obras de escritores africanos. Para Agualusa, as obras dos africanos são vendidas por editoras estrangeiras e dentro dos dois países não se vendem muitas obras dos escritores de Angola e Moçambique.

 

O escritor angolano referiu ainda que é mais fácil encontrar livros de escritores africanos fora dos seus países de origem, dando exemplo de Mia Couto que vende mais em Brasil do que em Moçambique.

 

Durante este evento, os dois autores falaram ainda do dilema de ser africano no mundo da escrita, tendo referido que há um mito de pensar-se que os escritores africanos só podem escrever sobre África e sempre num cenário misterioso de lendas ou antiguidades.

 

O pesquisador e docente de literatura, Nataniel Ngomane, fez um papel moderado na condução da conversa tendo questionado a cada um dos escritores sobre os vários aspectos que os ocorrem no momento em que escrevem um livro.

 

Os participantes não se fizeram de rogados e contribuíram na conversa fazendo questões para descobrir o íntimo cultural de cada escritor e apelando a conselhos que ajudem os novos escritores a progredir nos seus sonhos.

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