Conexão Lusófona

Problemas sérios ao voar com a Cabo Verde Airlines

Como é voar na Cabo Verde Airlnes? É seguro? Vale a pena? Decidimos experimentar a recém-lançada rota Porto Alegre – Lisboa. (Esse mesmo voo possui diferentes destinos na Europa, que são distribuídos na escala na cidade do Sal, em Cabo Verde) Deixamos aqui nosso testemunho de um voo cheio de surpresas pouco agradáveis, paradas não previstas, falta de informação, despreparo da tripulação, overbooking e muito mais.

A missão:

Sair da cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul com destino à Lisboa, com uma parada prevista em Sal, cidade do país que dá nome à Companhia Aérea.

 

O voo VR670 da Cabo Verde Airlines tinha saída prevista de Porto Alegre às 20:55 e chegada prevista na cidade do Sal em Cabo Verde: 11:00. Horário de chegada prevista no destino final.

 

O voo aconteceu sob uma expectativa geral de animação, afinal todos passariam o ano novo à bordo. No nosso caso particular após uma maravilhosa estadia em POA, o retorno para a nossa casa em Lisboa, ano novo, viagem, tudo positivo…

 

Check in: O início dos problemas

Com saída prevista para as 20:55 chegamos ao checkin da Cabo Verde Airlines cerca de 18:40. Haviam cerca de 15 a 20 pessoas à nossa frente, o que normalmente levaria em média de 30 a 60 minutos. Levamos o dobro do tempo, ou seja, cerca de duas horas! O motivo da demora? A equipe de terra informou que o sistema da Companhia estava fora do ar e que estavam realizando o check-in “à mão”.

 

Em teoria não seria nada de especial, já que infelizmente costuma ser algo recorrente nas empresas aéreas. Mas descobrirmos mais tarde que o real motivo era outro e pior, mas isso contaremos mais à frente.

 

O embarque:

O atraso no check-in levava a um atraso previsto do voo de uma hora e meia, que após chegarmos na zona de embarque tornou-se superior a duas horas. Ao invés de sairmos 20:55 sairíamos às 23:00. Pela legislação da ANAC atrasos superiores a duas horas obrigam as Companhias aéreas a disponibilizar alimentação.

 

Pura teoria. Na zona de embarque não havia nenhum funcionário da companhia. Todos eram tercerizados e não tinham informações precisas sobre nada. Simplesmente não havia a quem recorrer. Estávamos presos na zona de embarque, sem um café sequer disponível (Problema agravado pelo Aeroporto de Porto Alegre estar em reformas).

 

O email suspeito:

Enquanto aguardávamos (com fome) na zona de embarque percebemos que a Cabo Verde Airlines havia enviado um e-mail às 20h, a informar o portão de embarque do voo de Porto Alegre para Salvador. Detalhe importante: Nosso voo era de Porto Alegre para cidade do Sal, em Cabo Verde, na África.

 

Inicialmente julgamos ser um email enviado por engano. Não era. A Companhia afinal havia inserido, na última hora, uma parada adicional na capital Baiana, detalhe que só foi informado abertamente aos passageiros após duas horas de espera, quando já entravam na aeronave.

 

Passageiros com conexões começaram a procurar em vão por funcionários da Companhia que pudessem informar o que aconteceria com suas conexões, muitas delas a essa altura já perdidas. Preocupação, ligações de última hora e frustração passaram a ser o clima predominante.

 

A experiência a bordo:

Voo atrasado, faltava pouco mais de 20 minutos para o Ano Novo quando o avião decolou. Com o novo destino que nos foi imposto, descobrimos que apesar de ser quase meia noite, não seria servida nenhuma refeição a bordo no primeiro trecho da viagem. De Porto Alegre até Salvador, nossa escala surpresa, a tripulação se restringiu a distribuir torradas empacotadas com algumas poucas opções de bebida.

 

Antes de voar, o clima era de uma tripulação com cara de poucos amigos, e algumas confusões por conta de over booking.

 

Nesse momento enquanto começo a escrever esse relato, são 4:20 da madrugada (Horário de Brasília). Aparentemente o jantar será finalmente servido. Mais de 8 horas sem uma refeição.

 

A chefe de cabine, uma senhora já de idade e seguramente com algumas décadas de ofício incrivelmente não fala o idioma nem do país de origem (Brasil) nem do país de destino (Portugal), nem do país que dá nome à empresa área (Cabo Verde), em ambos os casos o português. Os passageiros que queriam reclamar ou descobrir os procedimentos para as escalas fora de horário sem dominar o idioma inglês tiveram que se contentar com informações imprecisas da restante tripulação desinformada.

 

Amenidades e confortos à bordo?

Nenhum travesseiro, fone de ouvido ou cobertor para atravessar o Oceano Atlântico. Apenas uma refeição fria (Salada) que chamaram de jantar. A tela de entretenimento após algum tempo da decolagem ficou disponível com alguns filmes e entretenimento infantil, tudo na opção em Inglês em ou Islandês, afinal, como podem ver nas fotos, o avião utilizado pela Cabo Verde Airlines era da Icelandair.

 

As limitadas opções funcionaram apenas até Cabo-Verde. Dali até Lisboa era uma tela escura que a comissária de bordo se limitou a dizer com naturalidade “não funciona”, e poltronas que não reclinavam.

 

Será este o “equema” da Cabo Verde Airlines ?

Qual a relação entre um suposto sistema de check-in fora do ar, uma parada não prevista em Salvador e um atraso grande do voo? Após conversarmos com diversos passageiros e descobrirmos que essa situação excepcional afinal acontece de forma recorrente, foi possível compreender melhor o que parece ser o “esquema” da companhia.

 

Quando vamos ao site, compramos um voo sem escala no Brasil. Aparentemente (A Companhia aérea não respondeu até o momento nosso pedido de esclarecimento) o que a Companhia tem feito é informalmente conhecido como “lotação”. Vende um voo saindo de Salvador e outro de Porto Alegre. Ambos supostamente direto até Cabo Verde, no mesmo dia e horários similares.

 

Cria-se então uma suposta situação atípica que gera a “necessidade” do voo de Porto Alegre passar em Salvador ou vice-versa. Assim eles conseguem atravessar o Atlântico com apenas um avisão completamemte lotado.

O que há de errado nisso?

 

Nada se fosse devidamente informado ao passageiro no momento da compra de forma a que ele tivesse o direito de escolha. Ao invés disso a Companhia opta por informar esse “pequeno detalhe”apenas no momento do voo, gerando atrados, prejudicando conexões com outras empresas, gerando frustração geral.

 

O que mais choca é que essa falta de informação, apatia e problemas do voo em nada se assemelha ao país que dá o nome à Companhia. Um dos países com melhor qualidade de vida, cultura e organização do continente africano, feito por um povo vibrante e cosmopolita.

 

Não confunda o maravilhoso país Cabo Verde com a Companhia aérea de mesmo nome. Esta não tem nada de maravilhosa, e precisa urgentemente melhorar os seus serviços.

 

Nota:

Esse voo foi realizado no dia 31 de dezembro de 2019.

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