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Projeto “Arquitetura na Periferia” auxilia mulheres brasileiras a construírem casas

"Unir e impulsionar mulheres multiplicadoras da equidade social e de género": eis o mote de um do projeto social "Arquitetura na Periferia", que visa a participação ativa das mulheres no processo de construção e restauro de casas — Imagem: Arquitetura na Periferia </em

A partilha e a estimulação de conhecimento podem mudar vidas, literalmente. O projeto social Arquitetura na Periferia é o exemplo perfeito desta premissa. Este nasceu com o intuito de democratizar o acesso aos serviços técnicos prestados por arquitetos e engenheiros, em locais que servem de palco para a construção massiva de edifícios, nomeadamente na periferia do território brasileiro — onde, coincidentemente, a maioria das obras carece de supervisionamento profissional.

 

Depois de uma pesquisa de mestrado aprofundada, a arquiteta Carina Guedes chegou à conclusão que era fundamental que existisse um serviço de assessoria técnica, voltada para o atendimento de questões sobre o processo de edificação de casas. Além disso, a ânsia de fazer mais foi crescendo: porque não promover a inclusão de mulheres neste género de trabalhos? — questionou-se. Após tomar esta decisão, o projeto nunca mais parou de crescer e, desde 2013, continua a somar conquistas.

 

Na fileira da frente, estão aquelas que abraçaram (e abraçam) o desafio do “Arquitetura na Periferia” e querem, através da aprendizagem e do planeamento, instruir-se e construir as suas próprias casas, sem que o género ou a falta de rendimentos interfiram. Com o apoio de um microfinancimanto, este projeto social pretende ajudar todas as mulheres que demonstrem interesse em conduzir com autonomia, e sem desperdícios, a reforma dos seus lares.

 

Perseguindo o primordial objetivo do programa, as orientandas recebem um acompanhamento personalizado, capaz de ampliar as suas capacidades de análise, discussão, prospeção, metodologia e cooperação. Passada esta fase, tudo flui de forma natural: a autoestima e a confiança crescem; o combate à desigualdade de género é alimentado; e novos tetos de casas surgem, sustentados por pilares destemidos e paredes fortes, edificados pelas matriarcas.

 

No “Arquitetura na Periferia” transmite-se todo o conhecimento prático e técnico que a edificação ou remodelação de uma casa necessita: esboço de plantas; medições; soluções espaciais — como economizar e reaproveitar o espaço —; planeamento da empreitada; cumprimento do orçamento; instalações elétricas ou canalizações; demolição ou construção de paredes. Neste projeto, aliando o esforço físico à vontade, o céu deixa de ser o limite.

 

O programa amealhou tanto protagonismo que, desde 2015, passou a ser executado pela Associação Arquitetas Sem Fronteiras — ASF Brasil, entidade que, junto das comunidades periféricas e com a ajuda dos movimentos sociais, desenvolve diversas ações e projetos relacionados com a expansão do espaço urbano e rural. Em 2018, devido ao constante crescimento, o “Arquitetura na Periferia” conseguiu alcançar a institucionalização, através da criação do Instituto de Assessoria à Mulher e Inovação (IAMÍ). O mote continua a ser o mesmo: abraçar novos projetos que visem a equidade de género e o combate às desigualdades sociais, perpetuando a mensagem de que “o lugar da mulher é onde ela quiser”.

 

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