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Cabo Verde aos olhos de José Ribeiro e Castro

Leya

O título do presente artigo é da nossa inteira responsabilidade e foi adaptado na base de uma opinião publicada no Jornal Público a 8 de Abril pelo advogado e antigo líder do CDS, José Ribeiro e Castro, referente a recente visita do Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, a Cabo Verde.

 

(…) Esta visita do Presidente da República a Cabo Verde poderia ter sido a primeira na CPLP. E, se descontarmos os laços pessoais que ligam Marcelo Rebelo de Sousa a Moçambique, é efectivamente a primeira, embora segunda. Antevejo que será tão radiosa quanto foi a de Moçambique e mais poderosa ainda, por certo, nos seus efeitos. Faço votos por isso. Cabo Verde e os cabo-verdianos merecem-no como poucos.

 
Cabo Verde ingressou há anos no pelotão dos países de desenvolvimento médio, superando, por mérito e esforço próprios, o estigma e a condenação do subdesenvolvimento. Em 40 anos de independência, passou de “Estado inviável” — como muitos temiam — a país de referência: um modelo para que se olha com orgulho ou com apreço. Teve a coragem de dar o passo para a democracia pluripartidária nos anos 1990; e deu mesmo esse passo, plenamente: não ficou a meio caminho, nem nos tacos de partida. Cabo Verde é hoje, em África, um paradigma de boa governação, de Estado de direito, de respeito das liberdades fundamentais, de funcionamento democrático a todos os níveis institucionais e de poder. Cabo Verde respira futuro.

 

(…) Noutros artigos e intervenções, tenho chamado a atenção para o facto de alterações institucionais do Tratado de Lisboa terem prejudicado involuntariamente o quadro político favorável ao desenvolvimento da Parceria — e expliquei porquê, no meu entender. Essa falha de impulso político duradouro tem de ser compensada por um maior envolvimento da Comissão e seu Presidente, mas constitui também uma oportunidade — e uma responsabilidade permanente — para Portugal, o irmão europeu de Cabo Verde.

 

Sempre achei que Cabo Verde e Portugal têm muito em comum. Se nos imaginarmos apenas reduzidos a Açores e Madeira, seríamos um Cabo Verde mais a norte, no mesmo Atlântico. Dizendo de outro modo: somos um Cabo Verde europeu com um pé no continente. Essa circunstância geopolítica irmana-nos, constituindo uma permanente ambiguidade, que não é um passivo, mas um activo inspirador. Brincando com as palavras, às vezes não sabemos de que terra somos.

 

Tenho esperança de ver o Presidente da República contribuir para esse novo fôlego da Parceria Especial a partir destes dias da sua visita oficial. Afinal, nós, portugueses, somos esses parceiros especiais por natureza — é só questão de alargar a outros o abraço e compromisso que sabemos.

 

Para aceder ao artigo na íntegra, acesse AQUI.

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