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Em Portugal a energia solar vai crescer 20 vezes nos próximos anos

O futuro das renováveis em Portugal passa pelo sol. Apesar de ser um dos países com mais horas de sol na Europa, o investimento em energia solar em Portugal está longe de países com menos sol. Na conferência anual da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), o setor da energia limpa apontou que o futuro passa pelo astro-rei e pede regras claras.

 

“A terceira revolução nas energias renováveis está aí a aparecer: a energia solar”. O caminho foi apontado pelo presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), António Sá da Costa.

 

A primeira revolução nas renováveis teve lugar em 1988 com as mini-hídricas, já a partir do início do século as eólicas começaram a girar com o vento. Agora, chegou a vez de Portugal começar a produzir energia solar fotovoltaica, o grande solar.

 

Mas esta energia já está a ganhar terreno, conforme demonstram os dados da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG). Dos 1924 megawatts de potência que aguarda luz verde para avançar, a grande maioria – 1756 megawatts, 91% do total – corresponde a grande solar, deixando para trás a eólica e a hídrica, as maiores fontes renováveis em Portugal.

 

Mas porquê este súbito interesse na energia eólica em Portugal? “Por um lado, o abaixamento em seis ou sete vezes dos custos dos painéis fotovoltaicos nos últimos anos. Por outro lado, o facto de Portugal ter um nível de insolação muito interessante para a produção dessa eletricidade”, explicou Sá da Costa.

 

É que o sol que brilha sobre Portugal tem duas vantagens para a produção de energia. Primeiro, a mais óbvia, Portugal tem mais sol e durante mais horas do que os países do Norte da Europa. Em segundo, as “temperaturas em Portugal não são tão elevadas como no Norte de África. É que os painéis fotovoltaicos diminuem a eficiência de forma significativa com o aumento de temperatura”.

 

Mas para a produção de energia solar avançar em Portugal é preciso criar um cluster do grande solar, à semelhança do que foi feito na eólica, como no caso do consórcio Eneop, defende Sá da Costa. “É preciso uma indústria de fabrico, de montagem e de operação do sistema, tal como foi feito a nível da eólica quando foram lançados os concursos no tempo do José Sócrates, em que tinham que trazer atrás uma fileira industrial, também é preciso que tenham essa visão agora”.

 

Durante o congresso da APREN, vozes da própria indústria pediram ao novo Governo por regras claras para a energia solar de forma a fomentar a construção de megawatts. “Devemos aproveitar esta nova era do grande solar, para criar uma estrutura, para criar um cluster industrial em Portugal com fábricas e com uma política perfeitamente definida que permite instalar novos megawatts, tal como aconteceu na eólica para o país ganhar com isto”, nas palavras de António Gellweiler da Iberwind.

 

O gestor lançou também um apelo ao Executivo de António Costa. “O Governo deve refletir sobre qual a melhor maneira de abraçar o grande solar, que pode representar um investimento gigantesco para Portugal. Deve ser este o desígnio da política renovável”.

 

Outra das questões é a remuneração da energia produzida, sendo necessário definir as regras para atrair investidores e promover esta indústria. “Não se pode pensar que as centrais vão funcionar a preço de mercado. O mercado que existe atualmente é marginalista, o que quer dizer que as centrais são remuneradas em função do preço marginal, e o preço marginal de qualquer renovável é zero. Isto quer dizer que ao fabricar-se eletricidade, vende-se a zero, isto não funciona”, destacou Sá da Costa.

 

Leya

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