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Brasil: Paraíso Judicial

Leya

 

Não adiantam argumentos contrários, o cenário diz isso. Uma simples leitura da situação proporciona esse entendimento. O sr. rouba mas faz não pode sair do Brasil porque pode ser preso pela Interpol, aqui não, inclusive pode se candidatar e até se eleger – o que ocorreu. Ainda, é pré-candidato à prefeitura da maior cidade do país… um wanted internacional.

 

Em 2007, o presidente do Senado Federal teve seis representações contra ele em casos claros de quebra de decoro, despesas particulares pagas por empresas privadas, tráfico de influências e outras, caso conhecido como Renangate. Antes de se complicar, preferiu renanciar (no Brasil, a lei política permite que o político acusado renuncie antes que seja julgado, garantindo assim seus direitos políticos e, consequentemente, a continuidade em sua “profissão”). Foi eleito novamente presidente do Senado e neste momento ocupa o cargo.

 

O presidente da Câmara dos Deputados do Brasil também não quis ficar fora, afirmando descaradamente que depósitos milionários em sua conta na Suíça foi obra de alguém que queria incriminá-lo. Dá de ombros (literalmente) a qualquer questionamento ou acusação.

 

O atual líder da base do governo, nobre somente no nome, foi protagonista do tosco caso dos milhares de dólares encontrados na cueca de seu assessor no aeroporto de Congonhas em São Paulo – para isso existem assessores parlamentares, mas nada aconteceu ao “nobre” deputado, reeleito, segue proferindo discursos sobre moral e ética na defesa de outros “inocentes”. O ex-presidente proletário está sendo acusado pela justiça de Portugal sobre envolvimento no recebimento de 700 milhões de reais destinados para uma das campanhas eleitorais brasileira e, se acusado, terá ordem de prisão decretada também pela Interpol em qualquer outro país, exceto o Brasil. Que beleza!!!

 

A presidenta da República está blindada, mas como todo dono de empresa “séria”, nada sabe sobre o que acontece com seus subordinados, seu pessoal de confiança e sua administração em geral. Agora, cá entre nós, você quer prosperar nesse país sem fazer parte desse sistema? Você sabe como chantagear alguém? Sabe fazer lobby? Sabe desviar dinheiro público? Sabe montar um edital superfaturado? Tem conta na Suíça? Já lustrou as bolas de alguém para ter benefícios? Ah, meu caro amigo, aqui você não tem vez! Não duvido se surgir algum bacharelado legalizado pelo MEC para suprir essa demanda – não quero nem pensar no nome desse curso.

 

O pior é que isso não se limita somente na esfera dos engravatados, (os aristocratas por cima da carne seca), acontece em administrações municipais também. Salafrários e espertalhões que ocupam cargos estratégicos, e foram pegos por algum tipo de fraude, são condenados e suas “dolorosas” penas são doações de cestas básicas ou uma suposta prestação de serviço social – que só assinam, convenhamos. Pior ainda, eles voltam a ser contratados novamente por outras gestões, pois “sabem fazer as coisas e conhecem o sistema” – já ouvi isso de alguns prefeitos. Não menos que o setor público, e corroborando para a injustiça institucionalizada, a maioria esmagadora de condenados que ocupam as cadeias e penitenciárias de todo o Brasil têm visita intima, celulares, saidinhas, indultos, fogem e voltam quando querem, são reincidentes e usam o sistema para fazer negócios. Acho que não é exagero algum dizer que esse país não é para honestos. É um paraíso judicial e honestos não precisam disso.

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