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Os manipuladores do presente

A beleza. Um filho. Uma opinião.

O que é nosso e a nossa visão das coisas, convicta ou conveniente, parece-nos sempre o lado certo das forças.

Escassa direita assume que perder 750 mil votos, e uma maioria, não é coisa de somenos, nem é facto pouco para que não mude a realidade política e governativa do país. Exigia-se, no mínimo, uma iniciativa séria da coligação, e também do presidente da república, no sentido de unir esforços com o PS, e não o reivindicar de uma obrigação gratuita de viabilização da carnificina em curso, que é tão diferente de ter o dever de o fazer.

Ao assumirem essa obrigação gratuita por parte do PS, e ao apressarem-se a fulanizar o combate aos partidos à esquerda, os tais radicais, como lhes chamam, como se radical não tivesse sido a agenda destes anos, a coligação, e o presidente da república, criaram uma frente insuspeita de se unir.

Dizem que ganhou quem teve mais votos. Sem dúvida, mas num sistema político como o nosso a força política vencedora tem de conseguir afirmar essa vitória no parlamento. Diz a história que, até hoje, de diferentes formas, todas as forças políticas o conseguiram, e se isso parece difícil desta vez, não é culpa da esquerda, nem dos quase 60% de eleitores que se expressaram a favor de programas anti-austeridade. É culpa dos radicais de direita que durante os últimos quatro anos se dedicaram a aplicar um programa de neoliberalismo repressivo, palavras de Adriano Moreira, que encostou à parede a esmagadora maioria da população e das forças políticas que não governaram o país.

Teve mais votos quem seguiu o tacticismo de unir esforços antes das eleições. Será que uma coligação pré-eleitoral é assim tão mais nobre que uma coligação pós-eleitoral?
Ainda mais num sistema parlamentar como o nosso?

A coligação poderia fazer outra reflexão, descentrando-se do PS: o que levará BE e CDU, pela primeira vez, a negarem a sua suposta natureza de partidos de protesto e a unirem-se ao “odiado” PS, no qual sempre centraram as suas baterias?

É que se o PS pode, ainda que injustamente, ser acusado de apego ao poder, aqueles homens e mulheres já serão insuspeitos de o terem, uma vez que sempre viraram a cara a essa possibilidade.

Vale a pena pensar nisto. A auto-crítica é melhor caminho que a manipulação da realidade.

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