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‘Panama Papers’ em português: O angolano que “por acaso” é Ministro do Petróleo

Leya

 

Os ‘Panama Papers’ não poupam ninguém e os países de língua portuguesa não são exceção. Fazendo uma pesquisa aprofundada pelos ficheiros já disponíveis, foi possível descortinar pessoas e empresas envolvidas em esquemas de branqueamento de capitais em três países da lusofonia: Brasil, Portugal e Angola.

 

 

Vamos a uma pequena viagem pelo mundo da corrupção na nossa língua, para conhecermos quem são os lusófonos já identificados no maior escândalo de corrupção financeira de sempre. Primeira paragem: Angola.

(Imagem: Reprodução Cartodb)
(Imagem: Reprodução Cartodb)

Apesar de haver 10 empresas referenciadas, com 18 beneficiários e 40 accionistas, só há um angolano identificado enquanto cliente da Mossack Fonseca’. O seu nome é “José Maria Botelho de Vasconcelos tem 63 anos e é natural da província de Malanje. É Engenheiro Técnico Eletromecânico, mas fez toda uma especialização académica, na Europa e nos Estados Unidos, em torno dos petróleos, passando por empresas como a Shell e Mobil.

 

Começou a sua carreira como Engenheiro Técnico de Manutenção na Cabinda Golf Oil Company. Foi ainda Diretor Geral Adjunto da Sonangol para Distribuição e Comercialização de Combustíveis, antes de ingressar na política, onde presidiu ao Comité de Ministros da Energia da SADC, cargo que desempenhou em paralelo com o comando do Ministério dos Petróleos da República de Angola.

 

Foi Ministro da Energia e Águas até Outubro de 2008, quando reassumiu a pasta dos Petróleos do Novo Governo Angolano”.

 

Assim consta da sua descrição no site de apresentação do Governo angolano. Se ainda não percebeu repetimos com mais clareza para que não restem dúvidas, José Maria Botelho Vasconcelos, o angolano envolvido no escândalo, é o Ministro angolano do petróleo.

(Imagem: Reprodução Panama Papers)
(Imagem: Reprodução Panama Papers)

O site do International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ) – entidade responsável pela divulgação do escândalo – tem uma página dedicada só ao perfil do Ministro, pois define-o como sendo um dos Power Players da rede, isto é, um peixe graúdo, pelo cargo de poder que ocupa e a alargada rede de infuências que gere.

 

Segundo a investigação, José Maria Botelho Vasconcelos recorreu pela primeira vez aos serviços da Mossack Fonseca, a firma de advogados sediada no Panamá e responsável por toda a arquitectura financeira de lavagem de dinheiro em 2002, ainda na primeira vez que foi nomeado Ministro do Petróleo.

 

Era um de dois indivíduos que tinham procuração forense e poderes de representação da Medea Investments Limited, uma empresa autoavaliada em um milhão de euros, registada no dia 13 de setembro de 2001 em Niue, um país insular do Pacífico, associado à Nova Zelândia. Em 2006 a sede  da empresa foi deslocada para a Samoa, outro pequeno país do Pacífico, até que em 16 de fevereiro de 2009 foi dada como desativada.

 

A empresa era uma sociedade anónima de ações ao portador, pelo que se torna bastante difícil saber quem deteve a maioria do capital a cada momento, e onde se encontrava fisicamente.

 

A Medea Investments Limited foi uma das duas companhias detentoras de ações da New York Company Blue Nile Consulting LLC em outubro de 2007.

 

O diagrama em baixo ajuda a explicar melhor o esquema financeiro.

diagrama jose maria
(Imagem: Reprodução Panama Papers)

 

Veja aqui os ‘Panama Papers’ explicados de forma tão simples que até uma criança percebe

 

Veja o vídeo que relaciona os Panama Papers com a guerra da Síria

 

Sabe quem é o único português identificado nos Panama Papers

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