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Pedro Lopes: o jovem político cabo-verdiano que precisas de conhecer

Um nome que não devemos esquecer: Pedro Lopes, de 32 anos, filho de mãe portuguesa e pai cabo-verdiano, tornou-se no mais jovem político de Cabo Verde ao assumir o cargo de Secretário de Estado da Inovação e da Formação Profissional em Dezembro de 2017, aquando da primeira remodelação do governo do arquipélago chefiado pelo primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva desde Abril de 2016.

 

Na qualidade de Secretário de Estado do governo cabo-verdiano, o projecto político de Pedro Lopes preconiza a implementação de dois grandes vectores: a Inovação e o Emprego através da criação de startup’s e da renovação da rede de telecomunicações capazes de situar Cabo Verde na vanguarda da economia digital assente nos mais recentes desenvolvimentos tecnológicos.

 

Efectivamente, Cabo Verde é um país em crescimento e que deseja dar o exemplo de uma nação totalmente enquadrada com os desafios do mundo moderno. O turismo nas ilhas cabo-verdianas registou, no último ano, 716.000 visitantes e 4,5 milhões de dormidas. Este ano quer atingir a meta de 1 milhão de turistas e substituir o tradicional fornecimento de eletricidade às cadeias hoteleiras pelo recurso crescente e sustentável das energias renováveis.

 

Com um percurso académico e pessoal invejável, Pedro Lopes é o mais jovem membro do governo cabo-verdiano e é um dos finalistas do “Jovem Político” de 2018. (Imagem: Facebook)

 

Pedro Lopes confia no potencial criador dos jovens empresários de Cabo Verde – refira-se, aliás, que o país tem uma notável taxa de alfabetização de 87%, a maior entre os países da África Lusófona, tendo aumentado 28% desde o início dos anos 90 até 2015 – que querem dinamizar e comercializar as suas ideias com base na invenção de novas aplicações. Há exemplos: a TaxiJá, da Life Solutions (solicita os serviços de um táxi desde os lugares mais remotos das ilhas); a PagaLi, da ISONE (para pagamentos on-line); a Muska, da Bonako (uma plataforma de música exclusivamente africana); a Ifome (para encomendar comida); a Passafree, da Ilhaba (para a compra de bilhetes on-line); ou ainda a Nha Bex (para a organização de filas de espera em contexto de eventos públicos).

 

Para combater a precoce emigração de “cérebros” cabo-verdianos, sobretudo para a Europa e para os Estados Unidos, e desta forma manter a diáspora em diálogo com a sociedade de Cabo Verde (uma das mais jovens do mundo, apresentando uma média de idades na ordem dos 23 anos), o Secretário de Estado Pedro Lopes propôs o CV Next, uma iniciativa celebrada entre o governo e empresas nacionais dirigidas por jovens líderes alicerçada em três grandes objectivos: dar visibilidade ao que melhor se faz dentro e fora de Cabo Verde em matéria de Inovação; dinamizar um centro de debate e partilha de ideias inter-geracional, nomeadamente entre consagrados especialistas cabo-verdianos fixados no estrangeiro e novos empreendedores; projectar startup’s no panorama internacional e facilitar relações de cooperação cultural e tecnológica susceptível de beneficiar o tecido empresarial cabo-verdiano.

 

 

A chegada ao governo de Cabo Verde foi simultaneamente o corolário e o início de um futuro promissor enquanto líder político. Mas nada nasce sem dedicação, entrega, esforço e inteligência. Pedro Lopes estudou Relações Internacionais na Universidade de Coimbra, fez uma Pós-Graduação em Comunicação Estratégica de Marketing na mesma instituição e obteve o grau de mestre em Resolução de Conflitos pela Universidade de Bradford, no Reino Unido.

 

O percurso académico de Pedro Lopes concorre directamente com o seu vasto e impressionante currículo pessoal e profissional. Foi a primeira personalidade a organizar o TEDx em Cabo Verde (em Praia, a capital do país); foi também um dos organizadores da edição deste ano da African Innovation Summit – decorrido no Ruanda – que reuniu aproximadamente 300 especialistas de 35 países; fundou a Geração B-Bright, uma organização que se destina a promover e a valorizar empreendimentos de sucesso de jovens cabo-verdianos nas mais distintas áreas do conhecimento; venceu, em 2017, o prémio Somos Cabo Verde na categoria de Inovação e Empreendedorismo; integra a Lista Global das 100 pessoas mais Influentes de Ascendência Africana (MIPAD, que na sigla original inglesa significa Most Influential People of African Descent), que reconhece um conjunto de jovens líderes africanos com menos de 40 anos.

 

 

A todo este caminho político de referência traçado por Pedro Lopes, acrescenta-se ainda a participação no programa YALI (Young African Leaders Iniciative), apoiado e financiado pelo governo dos Estados Unidos que visa a formação cívica da próxima geração de políticos em África, bem como a selecção para o primeiro programa da Fundação Obama no continente africano (realizado em Junho na África do Sul) que pretende desenvolver os meios técnicos e humanos potencializadores de uma “mudança” mais profunda das jovens lideranças da política africana. Este ano é um dos nomes “lusófonos” apontados à conquista do prémio Jovem Político atribuído pela One Young World, cujo vencedor será anunciado em Haia, na Holanda, entre 17 e 20 de Outubro.

 

Este é, em suma, o país com que Pedro Lopes sonha: Cabo Verde 2.0 – um cruzamento enriquecedor e conectado entre a sociedade civil, as empresas privadas, as universidades e os jovens talentos, inovando, investindo e mostrando a diferença. Parece fazer todo o sentido. Acompanhemos o desenrolar desses planos nos próximos tempos.

 

PS: o autor deste artigo obedece às regras do antigo acordo ortográfico. 

 

 

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