Sustentabilidade

Cinco ações para ajudar a interromper as alterações climáticas, segundo Bill Gates

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No fim do dia todos precisam comer. Com essa constatação óbvia — mas que por muitas vezes passa ao lado da maioria das pessoas — Bill Gates, o fundador da Microsoft, explica que considera a Agricultura como um campo essencial para se investir em mudanças, caso o objetivo seja interromper as alterações climáticas.

 

Como é uma área essencial para a existência da humanidade, não é possível diminuir a produção. O que é possível e necessário, segundo ele, é otimizá-la. Veja estas cinco ações que ele considera importante — e inclusive colabora, por meio do fundo “Breakthrough Energy Ventures”  — para ajudar a interromper as alterações climáticas.

 

1) Resolver o problema da perda de comida

As comidas perecíveis têm um prazo de validade tão curta que não permite que cheguem a lugares mais distantes dos centros de produção. Algumas frutas e legumes resistem, no máximo, a algumas semanas. E esse tempo é reduzido consideravelmente caso a temperatura ambiente seja elevada. Para resolver esse problema, há quem utilize produtos químicos que, com o tempo, afetam os solos e emitem gases nocivos.

 

A solução que poderia interromper as alterações climáticas, para Gates, passaria por dois projetos — Apeel e Cambridge Crops — apoiados pelo empresário. Basicamente, eles criam revestimentos protetores que, aplicados aos produtos, aumentam a sua durabilidade.

 

2) Diminuir desflorestamento

O empresário lembra que agricultura é fundamental, mas também gera 24% dos gases associados com mudanças climáticas. Há mais carbono no solo do que na combinação entre atmosfera e todas as plantas existentes. Isso não é problema. O problema é quando há desflorestamento e libera-se esse carbono — transformado em dióxido de carbono (CO2). O desmatamento é responsável por 11% da emissão de gases.

 

Uma ação incentivada  por Gates é a produção de Óleo de Palma sintético — ideia da C16Biosciences  — que usa fermentação em vez de grandes plantações (chamadas “deserto verde”). O Óleo de Palma é o óleo vegetal mais produzido no mundo, que serve principalmente para biocombustíveis, mas também é encontrado em alimentos — como margarinas, pizzas e massas congeladas — e produtos de higiene — sabonetes, hidratantes, cremes dentais, etc.

 

3) Diminuir fertilizantes sintéticos

 

Um projeto chamado Pivot Bio está a criar micróbios geneticamente modificados que produzem Nitrogênio de forma natural. Atualmente, grande parte das áreas agricultáveis é nutrida com Nitrogênio produzido por fertilizantes sintéticos que, em reação com outros elementos, formam o óxido nitroso (N2O), altamente poluente. Este elemento é absorvido pela terra e frequentemente desemboca em rios subterrâneos que disseminam o óxido pela natureza. Em excesso, esta é uma das principais causas da chuva ácida, construção de zonas mortas nos oceanos e do extermínio de plantas nativas de regiões mais chuvosas. Diminuir esta produção seria passo importante para interromper as alterações climáticas.

 

4) Tomar cuidado com o uso de energia elétrica

Grande parte da produção de energia considerada limpa tem outros efeitos e isso deve ser considerado na Agricultura, segundo Gates. A produção de energia hidroelétrica, por exemplo, é responsável pela destruição de amplas áreas florestais no momento das inundações. Isto altera tanto a capacidade de absorção de CO2 quanto a emissão de novo oxigénio para o ambiente. Além disso, a substituição de campos por vastas quantidades de água alteram significativamente o bioma e o clima locais, causando desequilíbrio. Outra fonte de energia, a eólica, tem impacto comprovado na migração de aves e exigem grandes extensões de terra que, grande parte das vezes, ficam inutilizados para outros fins.

 

As medidas de produção de energia por meio do ar e da água — que estão em vias de estudo em diversas partes do mundo — seriam alternativas viáveis.

 

5) Reabastecer nutrientes do solo de forma mais saudável

Junto ao The Land Institute, Gates está ajudando a desenvolver a Kernza, uma cepa de trigo que ajuda a reutilizar o solo múltiplas vezes.  Isto porque é perene e não necessita ser replantada todos os anos.

 

Normalmente, as sementes de trigo — um dos grãos mais produzidos no mundo todo — têm que ser plantadas todos os anos, já que no período do verão elas morrem. A cada vez é utilizado todo o processo danoso de fertilização, adubo e — como não dizer — poluição que atualmente envolve a etapa do plantio. A ideia do Kernza é diminuir a poluição por meio da redução de replantios.

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