BrasilPaíses

O Senhor do Labirinto: arte e loucura na obra de Bispo do Rosário

(Imagem: Reprodução Ipam)

 

Recentemente, por dever de ofício, fui convidado a participar da banca de defesa da monografia “Reflexões sobre a arte a partir da obra de Arthur Bispo do Rosário” por Ana Paula Damasceno Ferrão no curso “Ciência, Arte e Cultura na Saúde” na Fiocruz aqui no Rio de Janeiro.

 

Tive, então, a felicidade de entrar em contato com uma impressionante trajetória de vida, além de refletir juntamente com meus colegas professores Anunciata Sawada, Larissa Woltz e Francisco Romão sobre ela. Quase simultaneamente, estreava nos cinemas cariocas um filme que retrata esta trajetória. Para mim, foi uma feliz coincidência e por isso tenho o prazer de compartilhar aqui.

 

Estou falando de “O Senhor do Labirinto”, cinebiografia que retrata a trajetória de Arthur Bispo do Rosário, uma personalidade brasileira impressionante e encantadora. Para uns, louco, para outros, gênio. Autor de uma extensa obra, Bispo foi diagnosticado como esquizofrênico-paranoico e viveu durante 50 anos na Colônia Juliano Moreira, uma instituição psiquiátrica na cidade do Rio de Janeiro, onde criou seu ateliê.

 

Nesse misterioso ambiente, surgiram diversas obras de arte – como, por exemplo, estandartes, assemblages e bordados – que representaram o Brasil na Bienal de Veneza em 1995, após sua morte (em 1989) e até hoje são expostos nos mais prestigiados museus internacionais, onde Bispo é um artista consagrado, inserido no circuito da arte contemporânea.

 

O filme é baseado no livro de mesmo nome “Arthur Bispo do Rosário – O senhor do labirinto”, de Luciana Hidalgo e conta com atuação brilhante de Flávio Bauraqui, além de inspirada e generosa trilha sonora de Egberto Gismonti. Ao abordar a polêmica questão do tratamento de usuários de serviços de saúde mental no Brasil e a relação íntima entre loucura e arte, o filme a todos emociona.

 

Para quem estiver pelo Rio de Janeiro sugiro uma vista ao Museu Bispo do Rosário.