Nesse “House of Cards tupiniquim”, todos achavam que nosso Frank Underwood era Eduardo Cunha, mas é o senador e presidente do Congresso, Renan Calheiros.

Se o impedimento de Dilma viesse por meio de um processo de cassação sério no Tribunal Superior Eleitoral ao analisar vínculo entre propinas e campanha eleitoral, provavelmente minha opinião seria outra.

Fascinado pelos holofotes e pelo poder desde que se sagrou presidente da Câmara, Cunha menosprezou um princípio básico da corrupção, quase um mandamento. Quanto mais corrupta for uma figura política, mais discreta ela precisa ser.

Quem votou em Dilma Rousseff, votou também em Michel Temer como o seu vice. Se agora ele toma o poder, é de responsabilidade do PT ter enganado 54 milhões de brasileiros sobre a estabilidade dessa união.

Dilma é o personagem mais fraco de seu próprio seriado. Sua house, o Palácio do Planalto, é a casa da Mãe Joana. E o desgoverno só tende a aumentar agora que a sua sangria virou hemorragia.

Analistas políticos se apressaram em dizer que 2016 será o ano em que se encerrarão, finalmente, as conturbadíssimas eleições presidenciais brasileiras de 2014.

Que país emerge desse Legislativo proativo ao desperdiçar tanto tempo em uma questão que, na melhor das hipóteses, é inócua para o contexto alarmante da segurança pública?

Se for para bater panelas, que seja para acordar o sapo e lembrá-lo de que, sobrecarregado ou não, ele foi eleito Presidente da República.

Lula conseguiu acalmar a esquerda tresloucada, já Aécio Neves pecou em não conter o incêndio de empolgação dos seus militantes

Caue Fonseca é jornalista em Porto Alegre (RS), Brasil. Participou, entre outras coberturas, das eleições de 2008, 2010 e 2012. Entre 2013 e 2014, foi correspondente do jornal Zero Hora na sucursal de Brasília (DF).