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Lusofonia, Juventude e Futuro

(Imagem: Reprodução Xadrez Verbal)

 

Há uns tempos, em conversa com o meu estimado amigo Jorge Janeiro, surgiu uma ideia original e que poderia impulsionar a concretização de políticas de juventude na CPLP: a criação de uma juventude partidária internacional no universo lusófono.

Infelizmente não foi ainda concretizada. Nem sei se virá a ser. Mas não posso deixar de pensar que seria um passo significativo na defesa da lusofonia e da ligação das gerações mais novas à sua cultura e às suas relações históricas.

Hoje, os mais jovens em Portugal auto-definem-se sem hesitação como europeus. Apesar de ainda se manter uma certa ilusão de que Europa ou União Europeia fica “lá em Bruxelas”, é facilmente aceite a ideia de uma identidade, para além de nacional, europeia. Mas quando falamos de CPLP já não é bem assim.

A verdade é que, pese embora a expansão da cultura portuguesa pelo mundo ter antecedentes seculares, e os países de língua portuguesa coexistirem com relações económicas, culturais e afectivas desde a internacionalização conseguida pelos descobrimentos, a nossa geração não se identifica com a lusofonia. Diferentemente do que acontece com a cidadania europeia, já tão intrínseca à nossa identidade.

A União Europeia tem quase 60 anos e o espaço lusófono, formalmente constituído como organização, tem apenas 19 anos. Essa distância ajuda a explicar as diferentes concepções que as duas realidades significam para os jovens. A densidade do enraizamento identitário compreende-se, portanto, que seja naturalmente diferente. Contudo, mesmo imperando um grande desconhecimento do que é a organização para os mais jovens, poderemos arriscar que, quando falamos de CPLP haja uma assunção genérica que corresponde “àqueles que se expressam em português no mundo”.

Logo, se nos aventurarmos num exercício de silogismo categórico (embora não totalmente fiel às regras filosóficas), diríamos:

A CPLP tem hoje uma implementação política maturada; Mas os mais jovens (e a sociedade civil em geral) ainda pouco se identificam como sendo parte de uma família lusófona; Então, este sentimento afetivo de pertença só poderá estar enraízado quando as novas gerações o sentirem no seu quotidiano.

O primeiro passo já foi dado com a criação do Fórum de Juventude da CPLP, em 2009, organização internacional que junta os Conselhos Nacionais de Juventude de todos os países da CPLP (com excepção da Guiné Equatorial), hoje presidida pelo CNJ da Guiné-Bissau.

Um passo dado que se tem revelado fundamental para a afirmação global da identidade lusófona juvenil intercontinental. Mas falta dar o passo seguinte, o ir de encontro a cada jovem. Esse objectivo poderia ser colocado na agenda política geracional com a formalização de uma entidade autónoma direccionada para a juventude.

Mas só faria sentido se tivesse como base o respeito por três princípios fundamentais: Direitos Humanos, Democracia e Estado de Direito e o Desenvolvimento Socioeconómico. Os atuais dirigentes políticos juvenis dos nove países lusófonos construiriam, assim, para além de uma plataforma de diálogo, para além de uma rede de cooperação, uma experiência de formação cívica que suscitaria a identidade lusófona nas novas gerações.

 

“A união do rebanho obriga o leão a ir dormir com fome”

Provérbio Africano

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