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O plástico é tanto que as abelhas já o usam para construir colmeias

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Mundo plastificado, natureza destruída: eis o cenário da realidade contemporânea. São várias as notícias que têm denunciado o impacto negativo da pegada humana nos ecossistemas, demonstrando como alguns seres vivos têm lidado com essas alterações.

 

O caso mais recente foi estudado e divulgado por investigadores do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária da Argentina (National Agricultural Technology Institute — INTA). De acordo com os dados aferidos, já existem colónias de abelhas que utilizam o plástico para construir colmeias, numa tentativa de adaptação às mudanças que têm marcado o panorama ambiental.

 

Perseguindo o objetivo de estudar a dinâmica destes agentes polinizadores, os cientistas ativaram 63 “armadilhas” constituídas por tubos que se assemelhavam às estruturas naturais das colmeias. Nestas cavidades, as abelhas podiam colocar materiais comuns como lama, galhas, pedras ou resina — o procedimento normal do ecossistema.

 

Para chegarem a conclusões, os investigadores, durante os verões de 2017 a 2018, analisaram mensalmente o abrigo armadilhado, na esperança de registarem os sinais de atividade dos insetos. No entanto, contrariamente ao que é expectável (e natural), foram detetadas duas colmeias plastificadas. Um dos compartimentos havia sido inteiramente edificado com um material similar ao de um saco de compras do supermercado.

 

A espécie de abelha que construiu as células de plástico ainda não é certa, mas os pesquisadores acreditam que pode ter sido a Megachile rotundatade origem europeia, conhecida por cortar materiais orgânicos para forrar as colmeias. Segundo as informações divulgadas, os detritos de plástico, encontrados nos abrigos, estavam cortados de forma semelhante aos das folhas comummente utilizadas pela espécie.

 

Isto pode significar que as abelhas possuem uma flexibilidade de adaptação às rápidas mudanças ambientais. No entanto, também pode significar que as opções orgânicas disponíveis — folhas, plantas, resina, etc. — estão a escassear ou não apresentam a qualidade pretendida, devido à presença excessiva de agrotóxicos.

 

Ecossistemas marítimos afetados

 

Em Portugal, segundo dados do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve, os ecossistemas marítimos do sul do país têm sido largamente afetados pelo flagelo do plástico.

 

Ao largo da orla marítima algarvia, foram encontrados imensos poluentes derivados do plástico, que têm ameaçado as espécies da região. Com o tempo, estes materiais fragmentam-se e originam partículas muito pequeninas — os microplásticos — que serão, posteriormente, absorvidos por filtros naturais: bivalves, berbigão e amêijoa. Estes seres vivos ao alojarem os detritos no seu interior, acabam por entrar na cadeia alimentar, afetando o organismo humano.

 

A realidade supracitada não se fica apenas pelo território português. Em todo o mundo, as consequências têm sido identificadas. Se o panorama não for travado com a ajuda de medidas e soluções sustentáveis globais, até 2050, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), existirá mais plástico nos oceanos do que peixes — se fizer as contas, faltam cerca de duas décadas para o ecossistema marítimo colapsar. O tempo urge.

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