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A nova sanita de Bill Gates pode salvar milhões de vidas

Um vaso sanitário que dispensa água e rede de esgotos, porque é equipada com produtos químicos que transformam os dejetos humanos em fertilizante, e que, além disso, não deixa odores. Parece mentira, não é? Pois bem, pela mente de Bill Gates, co-fundador da Microsoft e grande pensador da área da tecnologia, aquilo que parece impossível pode muito bem tornar-se uma realidade. A apresentação desta ideia aconteceu durante o evento “Reinvented Toilet Expo”, no dia 6 de novembro de 2018, em Pequim (China), na qual o empresário se fez acompanhar de um pequeno recipiente com fezes humanas – o que pode ter despertado algumas gargalhadas na audiência mas, certamente, também muita curiosidade.

 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), durante o ano de 2017 morreram mais de dois mil milhões de pessoas devido à falta de saneamento básico

 

Bill Gates apresentou o futuro da sanita, que dispensa o uso de água e rede de esgotos, além de transformar os dejetos humanos em fertilizante (Imagem: Reprodução Sky News)

 

A proposta de Gates, uma sanita reinventada, resulta de um trabalho de quase uma década por parte da Fundação Bill e Melinda Gates e de um investimento de cerca de 200 milhões de dólares (mais de 177 milhões de euros) – que, muito provavelmente, ainda irá duplicar. Por sua vez, essa investigação resultou na criação de 20 protótipos sanitários cujo principal objetivo passava por destruir germes e impedir a propagação de doenças da forma mais sustentável possível, para serem utilizadas em países com baixos recursos económicos e estruturais. De acordo com as estimativas do magnata, prevê-se que este tipo de sanitas esteja disponível para uma distribuição de grande escala em 2030.

 

A grande inovação não está, necessariamente, na sanita em si, uma vez que já outras existem no mercado (as chamadas “sanitas secas”) com o mesmo tipo de habilidade: funcionamento sem água ou rede de esgoto, que igualmente não deixa maus cheiros e transforma os dejetos em fertilizante. O que ainda não existe é o sistema sanitário, como um todo, dentro de uma proposta como a que foi apresentada pelo americano, que alicia investidores e empresas. É através desse encadeamento que estas sanitas irão levar as grandes corporações a contribuir, de maneira lucrativa, para o progresso de países em desenvolvimento.

 

Graças ao trabalho de uma “excecional equipa mundial de engenheiros, cientistas, empresas e universidades” – palavras de Bill Gates durante a apresentação -, foi possível reinventar o sistema de limpeza urbana. 

 

O Banco Mundial, o Banco Asiático de Desenvolvimento e o Banco Africano de Desenvolvimento estão a anunciar compromissos com o potencial de disponibilizar 2,5 bilhões de dólares [mais de 2 mil milhões de euros] em financiamento para projetos de Saneamento Inclusivo e de abrangência citadina. Esses compromissos ajudarão a fornecer às pessoas, em todas as partes de uma cidade – incluindo os bairros mais pobres -, serviços de saneamento com segurança. E as promessas dos bancos podem vir a ajudar a acelerar a adoção de um saneamento fora da rede – como os exibidos aqui – em países de baixo e médio rendimento. Além disso, a UNICEF  e a Agência Francesa de Desenvolvimento vão anunciar novas estratégias e compromissos para acelerar a implementação de soluções inovadoras de saneamento. Isto são tudo ótimas notícias.” – Bill Gates

 

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O protótipo da “Nano Membrane Toilet”, em exposição na Reinvented Toilet Expo, em Pequim (Imagem: Reprodução Weather)

 

“Da mesma maneira que um computador pessoal é de certa forma autossuficiente, e não uma coisa gigantesca, podemos realizar este processamento químico a nível dos lares” – Bill Gates

 

Quanto ao recipiente, este serviu para ilustrar como uma pequena quantidade de dejetos humanos é suficiente para causar inúmeros problemas a quem não tem acesso a um saneamento decente. Nos resíduos nele contidos, estavam concentrados cerca de 200 bilhões de células de rotavírus, 20 mil milhões de bactérias Shigella e 100 mil ovos de parasitas. Assim, Gates salientou como a esterilização de resíduos humanos pode evitar 500 mil mortes de crianças e economizar US$ 233 biliões por ano (mais de 206 mil milhões de euros) em custos para o tratamento de doenças como diarreia e a cólera.

 

Pode ler a versão integral e original da participação de Gates no evento aqui. Para uma melhor compreensão do sistema de funcionamento destes vasos sanitários, assista a este vídeo:

 

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