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Atenção: existem 264 alimentos lusófonos que correm o risco de desaparecer

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Neste momento, todos os países de língua oficial portuguesa — Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste — correm o risco de perder parte do seu património gastronómico e cultural. A falta de cultivo, a industrialização dos produtos e a diluição dos costumes tradicionais de plantio são apenas algumas das causas que justificam a extinção eminente de 264 alimentos, espalhados por toda a lusofonia e pelos restantes países do globo.

 

Frutas, cafés, vinhos, doces e outros produtos regionais dos oito países supracitados são alguns dos itens alimentares que integram a lista da Slow Food International — uma Organização Não Governamental (ONG) —, cuja principal missão passa pela defesa da alimentação e produção sustentáveis, em prol da desindustrialização.

 

O catálogo criado pela ONG, denominado Ark of Taste (Arca do Sabor), tem recolhido, desde 2016, informações preciosas sobre determinados produtos gastronómicos mundiais — processados ou naturais —, que tenham um papel importante na cultura, história e folclore de cada país e que correm o risco de desaparecer.

 

Através da análise das “fichas clínicas” e dos estados de produção dos alimentos, a Slow Food, com o intuito de perceber quais as principais ameaças externas que têm limitado a sua continuidade e na tentativa de as amenizar, lista-os. Deste modo, ao criar um inventário, consegue canalizar as atenções para os problemas sociais, económicos e biológicos que os têm assolado.

 

Para que o cenário de perda possa ser contornado, os hábitos de consumo e a produção agrícola mundiais precisam de ser oxigenados. Segundo a ONG, o resgate da agricultura familiar e a recolha de produtos in natura podem ser parte da solução para o problema. Além disso, a aquisição de alimentos plantados e comercializados por pequenos produtores, em detrimento dos industrializados, também podem contribuir para o reequilíbrio da “cadeia alimentar”.

 

Produtos lusófonos ameaçados

 

Angola

Na Ark of Taste, nove produtos angolanos correm o risco de se extinguir. Entre estes encontra-se o leite azedo, a farinha de mandioca e a criação do gado mucubal.

 

Brasil

Na Ark of Taste, 201 produtos brasileiros correm o risco de se extinguir. Entre estes encontra-se o guapuriti, o abacaxi pequeno, o queijo Araxá e o óleo de palmeira artesanal dendê.

 

Cabo Verde 

Na Ark of Taste, oito produtos cabo-verdianos correm o risco de se extinguir. Entre estes encontra-se a cavala de Cabo Verde, o feijão-congo, e o café da ilha do Fogo.

 

Guiné-Bissau

Na Ark of Taste, sete produtos guineenses correm o risco de se extinguir. Entre estes encontra-se o rábano africano, o sal de Farim e o óleo de palma selvagem.

 

Moçambique

Na Ark of Taste, oito produtos moçambicanos correm o risco de se extinguir. Entre estes encontra-se o café da ilha do Ibo, o óleo de mafurra e a siri siri.

 

Portugal

Na Ark of Taste, 26 produtos portugueses correm o risco de se extinguir. Entre estes encontra-se o pão de bolota, a broa de Avintes, o queijo de Évora e o vinho de talha alentejano.

 

São Tomé e Príncipe

Na Ark of Taste, quatro produtos santomenses correm o risco de se extinguir. Entre estes encontra-se a pera de São Tomé e o café robusta de São Tomé e Príncipe.

 

Timor-Leste

Na Ark of Taste, um produto timorense corre o risco de se extinguir: o café híbrido de Timor.

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