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Traduzida para o português a única autobiografia de um escravo no Brasil

(Imagem: Reprodução)

“Que aqueles ‘indivíduos humanitários’ que são a favor da escravidão se coloquem no lugar do escravo no porão barulhento de um navio negreiro, apenas por uma viagem da África à América, sem sequer experimentar mais que isso dos horrores da escravidão: se não saírem abolicionistas convictos, então não tenho mais nada a dizer a favor da abolição.”

A autobiografia do ex-escravo Mahommah Gardo Baquaqua, originário do norte da África e que foi cativo no Brasil na primeira metade do século XIX será afinal traduzida para a língua portuguesa.

escravointMOH(Imagem: Reprodução)

Mahommah Gardo Baquaqua foi um ex-escravo nascido no Norte da África no início do século XIX, que trabalhou no Brasil antes de fugir das amarras da servidão em Nova York, em 1847. Ele lançou o livro An interesting narrative. Biography of Mahommah G. Baquaqua (Uma interessante narrativa: biografia de Mahommah G. Baquaqua, em tradução livre), em inglês, em Detroit, no ano de 1854, em plena campanha abolicionista nos EUA. A obra jamais foi traduzida para o português, permanecendo desconhecida do público brasileiro.

No entanto, com apoio do Ministério da Cultura e do Consulado do Canadá, o professor pernambucano Bruno Véras, de 26 anos, resolveu se debruçar sobre o documento, ajudado por outros dois pesquisadores. Ele viajou ao Canadá, onde buscou vestígios de Baquaqua e consultou os originais do livro, cuja primeira edição em português deve ser lançada no Brasil até o fim de 2015.

A impressionante história tem início com o apresamento do autor, nascido em em Dijougou, que corresponde ao Norte do Benim, em 1820 por traficantes de escravos islâmicos que operavam nas rotas da região. Levado a Pernambuco nos porões de um navio negreiro, depois de trabalhar na lavoura, foi levado ao Rio de Janeiro, onde atuou no carregamento de navios dado os seus conhecimentos sobretudo de comércio, atividade exercida por ele desde cedo antes de ser preso. Baquaqua escapou em um navio que seguiu para Nova York com um carregamento de café. De lá conseguiu ir para o Haiti e posteriormente retornou aos Estados Unidos onde tomou parte na campanha abolicionista.

Nesta reportagem do jornal O Globo, é possível ler um resumo mais completo da trajetória do homem que foi escravizado duas vezes.

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